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quanto tempo de fundo musical você ouve por dia?

  Diferente de outros serviços da internet, como delivery de lanches e streaming de filmes, que preferem não mostrar ao usuário a quantidade de junk food e junk films que ele consumiu no ano, o Spotify tem o prazer de anunciar a quantia de tempo que os assinantes levaram ouvindo música. Estes ouvintes, por sua vez, têm o prazer de compartilhar a informação com os amigos. Assim, o ouvinte fica sabendo que gastou, por exemplo, 143.432 minutos ouvindo música. Parece pouco, mas esse número representa 27 por cento do total de minutos de um ano inteiro. Charlie Warzel, que escreve para o periódico The Atlantic , fez a seguinte pergunta no twitter:  “Quem é o vencedor com mais minutos de audição no spotify esse ano?” Os números vieram. 173 mil, 202 mil, 323 mil até que alguém respondeu que ouviu música por 376.395 minutos – 71,6% do tempo de um ano, numa média de 17 horas por dia! Mas esse número foi superado por alguém que vive nos arredores de Paris. No print de tela constava: “ Você
Postagens recentes

Dostoiévski e o cristianismo nosso de cada dia

  "Existem três forças capazes de cativar e vencer a consciência para sua própria felicidade: o milagre, o mistério e a autoridade... [essas forças] Tu rejeitaste e deste pessoalmente o exemplo para tal rejeição". Esta é uma fala de uma parábola que se refere à narrativa da rejeição de Cristo às propostas de se atirar do alto de um templo (para que provasse que era filho de Deus) e descer da cruz (para provar que era o Messias). Sempre me impressiona o que vem a seguir: "Não desceste porque mais uma vez não quiseste escravizar o homem pelo milagre e ansiavas pela fé livre e não pela miraculosa. Ansiavas pelo amor livre e não pelo enlevo servil do escravo diante do poderio". E mais: "Nutriste a esperança de que, seguindo-te, o homem também estaria com Deus, sem precisar dos milagres. Porém, mal tendo rejeitado o milagre, o homem imediatamente renegou a Deus, porquanto o homem procura não tanto Deus quanto os milagres”. Estes são trechos do capítulo 

o gospel e a meritocracia dos prêmios de música

No Grammy Latino de 2008, uma música gospel (' Som da Chuva ') levou o prêmio de melhor canção brasileira concorrendo com Djavan, Jorge Vercilo e Vanessa da Matta. Esta produção evangélica (gravadora Line Records) não apenas foi ganhadora de dois troféus de música e álbum cristãos, mas também venceu na categoria Melhor Canção em Língua Portuguesa, um feito até então inédito e que não se repetiu mais.  No entanto, uma matéria no jornal O Globo (30 nov. 2008) apontou que os votos a 'Som de Chuva' nesta última categoria da premiação não teriam sido motivados apenas pelo critério musical.  Segundo apurou a reportagem, o resultado surpreendente seria explicado pela baixa adesão dos artistas seculares e pelo corporativismo dos artistas evangélicos que votaram em massa em 'Som da Chuva', emplacando não só a indicação como também o prêmio máximo à canção. A vitória do segmento evangélico em categoria que não fosse exclusivamente de produções cristãs não era exatamente u

Frankenstein, a música e o conhecimento do bem e do mal

Quem só conhece o monstro criado pelo cientista Victor Frankenstein através das versões do cinema, e não por meio da leitura do livro escrito por uma jovem Mary Shelley em 1818, não sabe que aquela criatura na verdade tem um bom coração, aprecia música e é vegetariano. No livro, parte da história é contada ao criador pelo próprio monstro, que se afastou cada vez dos lugares onde o viam como aberração e maldição. Separei alguns trechos em que ele revela suas predileções (os trechos citados são da ótima edição publicada pela Via Lettera): “ Minha comida não é a do homem; não destruo a ovelha e o cabrito para saciar meu apetite; bolotas e amoras me dão nutrição suficiente ”. Mary e seu marido, o poeta Percy Shelley, eram vegetarianos. Em 1813, cinco anos antes da publicação de Frankenstein, Percy Shelley escreveu um livro chamado “A Vindication of Natural Diet”, sobre vegetarianismo e direito dos animais. O tradutor Santiago Nazarin diz que, “ao fazer do monstro um ser naturalmente ve

Como os adventistas reagiram à pandemia de 1918?

Nos anos de 1918-1919, a chamada gripe espanhola fez milhões de vítimas ao redor do mundo. Nessa época, a I Guerra Mundial já estava em seu fim deixando um rastro terrível de perdas humanas e economias arrasadas. Nesse cenário de crise e destruição, como os adventistas reagiram? Os documentos que consultei mostram algumas respostas na comunidade de adventistas do sétimo dia nos Estados Unidos, país cuja população foi atingida severamente por três ondas da pandemia, tendo um número estimado de 500 mil a 675 mil pessoas mortas em consequência da infecção.  Algumas razões da disseminação foram: - A demora em aceitar a periculosidade da doença : em janeiro de 1918, um médico da região de Haskell, no Estado do Kansas, alertou as autoridades sanitárias a respeito de um forte aumento nos casos de influenza. Em março, a base militar de Funston registrou 1.100 soldados infectados. O vírus foi se espalhando por outras bases militares rapidamente e logo passou a fazer vítimas nas grandes cidades.

Bob Dylan e a religião

O cantor e compositor Bob Dylan completou 80 anos de idade e está recebendo as devidas lembranças. O cantor não é admirado pela sua voz ou pelos seus solos de guitarra. Suas músicas não falam dos temas românticos rotineiros, seu show não tem coreografias esfuziantes e é capaz de este que vos escreve ter um ataque de sonolência ao ouvi-lo por mais de 20 minutos. Mas Bob Dylan é um dos compositores mais celebrados por pessoas que valorizam poesia - o que motivou a Academia Sueca a lhe outorgar um prêmio Nobel de Literatura. De fato, sem entrar na velha discussão "letra de música é poesia?", as letras das canções de Dylan possuem lirismo e força, fugindo do tratamento comum/vulgar dos temas políticos, sociais e existenciais. No início de sua carreira musical, Dylan era visto pelos fãs e pela crítica como o substituto do cantor Woody Guthrie, célebre pelo seu ativismo social e pela simplicidade de sua música. Assim como Guthrie, o jovem Bob Dylan empunhava apenas seu violão e ent

Soul: onde está o coração do músico?

Em  Soul , a nova animação da Pixar, o personagem principal é Joe Gardner, um professor de música que se sente desmotivado na sua profissão, pois o que ele deseja mesmo é ser um pianista de jazz e brilhar nos palcos. Não há problema algum em querer ser um grande artista e buscar esse objetivo. Mas aqui é que mora o engodo: o de que um professor de música é um músico frustrado. Fora do palco, o músico seria um fracassado sem talento suficiente, um loser cuja falta de méritos o levou à suposta monotonia das salas de aula. Quando o professor Joe, convidado por um ex-aluno, consegue um teste para ingressar numa banda de jazz, ele tenta mostrar tudo o que sabe numa música só e acaba fazendo como aqueles músicos que, mesmo quando estão tocando em grupo, estão tocando sozinhos. Seu improviso interminável não passa de exibicionismo. Ele demonstra estar desconectado da arte de fazer música em conjunto. Curiosamente, seu ex-aluno lhe tem um enorme respeito, um sentimento de gratidão por tudo o q